domingo, 26 de setembro de 2010

TEXTOS E ATIVIDADES.

A MENINA QUE FEZ A AMÈRICA

Eu vou morrer um dia, porque tudo que nasce também morre: bicho, planta, mulher, homem. Mas histórias podem durar depois de nós. Basta que sejam postas em folhas de papel e que suas letras mortas sejam ressuscitadas por olhos que saibam ler. Por isso, aqui está para vocês o papel da minha história: uma vida-menina para as meninas-dos-seus-olhos.
Vou contar…
Eu nasci no ano de 1890, numa pequena aldeia da Calábria, ao sul da Itália. E onde fica a Itália?… É só olhar um mapa da Europa e procurar uma terra em forma de bota, que dá um pontapé no Mar Mediterrâneo e um chute de calcanhar no Mar Adriático.
É lá.
Lá, nessa terra entre mares, foi que eu nasci num dia de inverno, quando as flores silvestres que perfumavam o ar puro dos campos da minha aldeia estavam à espera do florescer da primavera. Saracema: este era o nome do lugar pequenino onde eu nasci. Eu disse “era”, embora o lugar ainda existia e tenha crescido, como eu também cresci. Mas, como nunca mais voltei para lá, acho que não pode se mais o mesmo que conheci e onde vivi até os dez anos de idade. A Saracena de 1890 era aquela sem a comunicação do telefone, os sons do rádio e as imagens da televisão nas casas; sem o eco dos carros e das motocicletas nas estradas ou o ronco dos aviões sobre telhados. A música que andava no ar, nos tempos da minha infância, vinha do canto dos pássaros, do chiar das rodas das carroças, das batidas dos cascos dos cavalos, do burburinho do risco das crianças e do lamento dos sinais das igrejas. Essa era a voz da terra onde começava a minha vida e terminava o meu mundo.
Nunca cheguei a conhecer meu pai, Domenico Gallo. Só em retrato: um homem alto, bonito, de finos bigodes. Dizem que ele ficou muito feliz quando eu e meu irmãozinho Caetano nascemos. Ah, esqueci de dizer que meu nome é Fortunata e que, quando menina, me chamavam de Fortunatella.

(Laurito, Ilka Brunhilde. A menina que fez a América. São Paulo, FTD)


1) Quando e onde a menina nasceu?

2) Até que idade ele viveu em Saracena?

3) Como a menina se chamava? Como a menina era chamada quando pequena?

4) Quem era Caetano e Domenico?

5) De que modo Fortunata conhecia seu pai?

6) Você acha que a menina teve uma infância feliz? Por quê












O preço de um cheiro

Um camponês foi à cidade vender seus produtos. Ao regressar, parou em uma pousada para descansar.
— O que deseja? — perguntou o dono, solícito.
— Um pouco de pão e vinho, por favor. Enquanto o dono atendia ao seu pedido, o camponês passou a observar o local. Havia no fogo uma carne que exalava um aroma irresistível. Ele ficou com vontade de saborear o assado, mas não tinha tanto dinheiro...
Depois de um momento o dono da pousada voltou para trazer-lhe o pão e o vinho. O camponês bebeu o vinho, mas seus olhos não desgrudavam da carne suculenta. De repente, ele teve uma idéia: colocar o pão no vapor que subia do assado, para umedecê-¬lo. No momento em que ia experimentar o pão, foi interrompido por um grito:
— Você se acha muito esperto, não é? — disse o dono, zangado. — Terá de me pagar por isso também!
— Eu não lhe devo nada além do pão e do vinho — disse o camponês surpreso.
— E o cheiro da carne, não custa? — retrucou o dono, zangado.
— O cheiro da carne? — repetiu o camponês, espantado.
— Mas isso não custa nada!
— Como não custa nada? Tudo o que existe aqui é meu, inclusive o cheiro do assado!
A discussão chamou a tenção de um freguês.
— Quanto você quer pelo cheiro do assado?
— Cinco moedas! — disse o dono, satisfeito.
—Tenha dó! — exclamou o camponês, tirando o dinheiro do bolso. — Isso é tudo que eu ganhei por um dia de trabalho...
O freguês pegou as moedas do camponês e sacudiu-as diante de todos.
— Ouviu isso? Pronto! Já está pago.
— Como assim, já está pago? — admirou-se o dono.
— Por acaso este pobre camponês comeu a carne? Não! Apenas sentiu o cheiro do assado. Para pagar pelo cheiro do assado basta o som moedas!
Diante da risada geral, o dono da pousada ficou sem razão e concordou em não cobrar nada do camponês. E pior: ainda fez papel de bobo!


1) Assinale a frase que apresenta o mesmo sentido de:

“A carne exalava um aroma irresistível.”
( ) A carne liberava um cheiro estranho.
( ) A carne liberava um odor insuportável.
( ) A carne liberava um odor agradável a que não se podia resistir.


2) O dono da pousada perguntou solicito: “O que deseja?” Sabendo que solícito significa prestativo, prestimoso, pronto para servir, assinale o tom de voz que ele usou.

( ) áspero
( ) rude
( ) educado
( ) grosseiro



3) Numere os fatos na ordem em que aconteceram.

( ) O freguês explica que o camponês pode pagar o cheiro com o barulho das moedas.
( ) O dono da pousada cobra pelo cheiro da carne e o camponês se recusa a pagá-lo.
( ) O camponês coloca seu pão no vapor que sobe da carne.
( ) Um freguês ouve a conversa entre os dois homens e sacode as moedas do camponês.
( ) O camponês sente cheiro de carne assada.


4) Responda:

a) É correto pagarmos pelo cheiro de algum alimento? Justifique.


b) E pelo aroma de um perfume, quando devemos pagar?


5) Com base no texto, faça um comentário sobre a atitude tomada pelo freguês que assistia à discussão do dono da pousada com o camponês.


6) Escreva ao lado de cada ação a que personagem se refere.

Defendeu o camponês
Atendeu o camponês
Chacoalhou as moedas
Colocou o pão no vapor
Cobrou pelo cheiro
Bebeu o vinho

7) Passe o 5º parágrafo para o plural.

8) Circule as 5 palavras escritas incorretamente e reescreva-as.
comfiança - omenagem - ombro - hoje - horário - herança - igiene - sonbrio - fugil - honra

9) Retire do 3º parágrafo três palavras com:

a) hiato:
b) ditongo:

10) Separe as sílabas das palavras abaixo e circule a tônica.

regressar: _________________________________________
interrompido: _______________________________________
desgrudavam: ______________________________________
refeição: __________________________________________
conheceu: ________________________________________

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